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© Henrique Patrício

Pulsam os Papiros

Celebrando Natália Correia

Açoriana, poeta, libertária, Natália Correia nunca se cingiu às linhas imaginárias com que se convencionou apartar o real do surreal, o corpo da razão ou o riso da erudição. Afrontou Salazar ao honrar a tradição erótica e satírica portuguesa com uma antologia que, apesar de rapidamente apreendida, haveria de desnudar os horizontes que o regime fazia por encobrir. Nesta performance pretendemos reviver esse impulso, justapondo à tradição a criação contemporânea.”
Mais do que um recital de poesia erótica e satírica, Pulsam os Papiros é um espectáculo em que a música se alia à leitura de poemas, ocasionalmente dramatizada, para criar um ambiente de convívio noctívago que convida à partilha entre músicos, intérpretes e público.
Embora o espectador informado possa encontrar nesse ambiente reminiscências dos serões no salão de Natália Correia, ou das longas noites do Botequim, a música e a interpretação dos poemas pode remeter- nos para cenários muito diversos: um quarto de pensão, um directo de TV, uma partilha de leituras à mesa de um café, um momento íntimo, uma esquina mal iluminada, um bar onde uma diva decide cantar à hora de fecho, um desabafo ou um manifesto.
O espectáculo compõe-se, pois, não apenas desses diferentes cenários mas também dos diversificados registos que os poemas escolhidos convocam. Embora inspirado na Antologia de Poesia Erótica e Satírica de Natália Correia, o repertório não se cinge aos poemas e poetas antologiados. Em homenagem ao espírito da Antologia, a escolha foi eclética, incluindo textos do século XVIII ao século XXI, com temas que vão do romântico ao erótico, do satírico ao cómico, do moralizante ao político e do surreal ao quotidiano, ao serviços dos quais se usa a gosto a linguagem mais explícita ou mais subtil.
Movida também pela pulsão dos papiros, a música pontua todo o espectáculo, destacando-se pela revisitação envolvente de temas nacionais e estrangeiros e pela interpretação do poema Cosmocópula, que de Natália Correia fez constar da Antologia, musicado propositadamente para o espectáculo.

 

© Henrique Patrício

Ficha Artística

Direcção artística
Adérito Araújo, Catarina Alves e João Fong

Encenação
Adérito Araújo

Interpretação
Margarida Cabral e José Ribeiro

Música original e arranjos
João Fong, Rui Macedo

Música ao vivo
João Fong (programação e teclados), Rui Macedo (guitarra elétrica) e Sílvia Franklim (voz)

Figurinos
Margarida Cabral

Grafismo
Henrique Patrício

Produção executiva
Rita Brás

Produção
Tarrafo – Associação Cultural

Tarrafo — Associação Cultural
Rua Engenheiro Jorge Anjinho
Lote 12, 4ºC, 3030-482 Coimbra
info@tarrafo.pt